A obra “O Pano do Diabo – uma história das listras e dos tecidos listrados”, do autor Michel Pastoureau, foi o ponto de partida da coleção de Tom Martins, à frente da marca Martins, para sua coleção na 45a Casa de Criadores.
O livro aborda o que árbitros, prisioneiros, bufões e outras figuras à margem da sociedade têm em comum; que, no caso, são suas roupas repletas de listras. Antes de caírem no senso comum e se tornaram uma estampa “básica”, comum a qualquer guarda-roupa, cápsula ou não, a padronagem tinha conotação negativa, e servia como espécie de selo àqueles que não faziam parte do “normal”.
As listras tomaram conta das peças alongadas, over e de mangas mega compridas de Tom Martins, que comanda a marca que leva seu sobrenome. Tecidos em silky, tricoline e linho foram as apostas do estilista. Faixas com aspecto de couro davam a impressão de que as listras tinham “escorrido” ou até mesmo saído do tecido e, com isso, desmarginalizado aqueles que usavam as peças.
O fluido e o amplo se encontram de maneira chic e despretensiosa na Martins. O que resulta em look tomados de personalidade e referências. Uma abordagem contemporânea de uma padronagem forte e carregada de simbologia de séculos, relida de maneira cool.