Moda como despedida: Erico Valença reescreve o futuro na 56ª Casa de Criadores

Erico Valença com os tecidos texprima na Casa de Criadores 56

De 22 a 27 de julho, a 56ª edição da Casa de Criadores ocupa a Sala Tarsila do Amaral, no Centro Cultural São Paulo, com desfiles que fazem da moda um campo de batalha criativa, manifesto estético e experimento social. São 34 apresentações que exploram a potência da performance, o rigor da alfaiataria, a fluidez da identidade e a criatividade dos designers trabalhando com narrativas urgentes. 

E, nesta terça-feira (23), a Texprima marcou presença no evento, com nosso parceiro Erico Valença, que levou às passarelas da Casa de Criadores um gesto ousado de despedida com a coleção adiaû, palavra em Esperanto que significa adeus e marca um ponto de virada em sua trajetória, batiza a coleção que marca a transição definitiva da assinatura “a neoutopia” para seu nome próprio. Um gesto de amadurecimento. Um reencontro com sua própria história. 

Erico Valença nas passarelas da Casa de Criadores 56

Érico Valença bastidores

O desfile de Erico não é apenas sobre roupas — é sobre um planeta hostil, um exílio forçado, uma colônia fracassada que obriga seus habitantes a criarem roupas invernais sob um calor insuportável. Através de uma estética minimalista com ecos dos anos 60, aliada ao construtivismo soviético e à arte digital contemporânea, Erico constrói um enredo visual que mistura trauma, beleza e redenção. 

A modelagem é aguda, com linhas que quase desenham o desconforto térmico dos personagens que a vestem. Casacos estruturados, calças de alfaiataria com pregas amplas e volumes que desafiam o corpo criam a silhueta de uma humanidade em fuga — e, paradoxalmente, protegida pela própria dor. As peças ganham densidade emocional ao incorporarem referências pessoais, como os casacos que o designer insistia em usar na infância sob o sol escaldante de Natal (RN), ou a alfaiataria que ecoa a memória do avô pianista, Geraldo. 

O futurismo científico com notas do passado

Desde sua estreia na Casa de Criadores, Erico Valença tem se firmado como uma força imaginativa e crítica da nova moda brasileira. Se em edições anteriores ele nos transportou para referências a ícones da ficção científica, viagens espaciais e o futurismo no vestuário, agora o foco é o corpo em transição — de planeta, de identidade, de nome. “adiaû” é, ao mesmo tempo, um fim e um início. 

A performance no CCSP reforça essa virada. A cenografia é mínima, o impacto é máximo. A passarela se transforma em plataforma de decolagem para um futuro instável, onde a roupa é armadura, memória e fardo. O desconforto vira estética. 

Érico Valencia - looks da Casa de Criadores 56

Texprima & ‘ericovalença’

 A coleção utiliza com maestria o Couro Urban, material de base maleável e acabamento resistente que permite as manipulações visionárias do designer. Em tons que dialogam com a ficção científica e a sofisticação urbana — azul aqual, cinza moon, off white e preto —, os couros vestem a narrativa de Erico com inovação e textura. 

As superfícies ganham corpo sem perder fluidez. É faux-leather artesanal de sarja que respira como pele, é crochê, é alfaiataria experimental, é matéria que veste pensamento. Cada peça traduz a tensão entre o humano e o pós-humano, entre o planeta perdido e a possibilidade de renascimento — talvez em outro lugar, com outras palavras. 

No universo que Erico Valença constrói, a roupa não é só abrigo. É linguagem. É recado. E, sobretudo, é despedida. Adiaû. 

Inspire-se com os tecidos Texprima na SPFW Nº59

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Por Giovanna Silva e Larissa Reis

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