Voo#3 – como funcionam as Hortas Comunitárias?

Uma reconexão com a cidade se faz necessária. Assim, espaços públicos passam a ser ocupados e, em atos de resistência ou com fins de consumo, hortas urbanas comunitárias ganham espaço em meio ao cinza de São Paulo. Um respiro verde em meio ao concreto.

O terceiro voo do Primavista observa as hortas comunitárias como uma forma de navegar contra a maré: na volta do trabalho, ainda de terno e gravata, é possível parar na famosa Horta das Corujas, na Vila Madalena, ou na Horta das Flores, na Mooca, arregaçar as mangas e colher itens orgânicos fresquinhos para completar o jantar. Um sutil comportamento que começa a dar as caras na metrópole e ganha ainda mais força com a articulação do coletivo de hortelões urbanos, que transformam locais abandonados (ou subutilizados) em espaços de agricultura urbana.

Eles se juntam para botar a mão na massa: organizar, plantar, colher, podar, sinalizar e orientar quem chega ali sem saber muito sobre o assunto, mas cheio de vontade de participar do movimento.

Primavista | Voo#3 | Hortas Comunitárias

Já e possível notar o impacto positivo das hortas em suas comunidades, como o empoderamento social promovido de maneira tão simples e transformadora. Para os mais novos, a aproximação com a natureza traz também a oportunidade de um aprendizado prático sobre o manejo da terra que havia se perdido há alguns anos. Essa retomada de antigas práticas traz também um benefício para a nossa saúde física e mental: estamos presentes, cuidando do que vamos comer, esperando o tempo necessário para que tudo se desenvolva naturalmente, sem estimulantes ou agrotóxicos. Chegou a hora de priorizar um lifestyle mais slow.

A primeira parada desta edição foi feita na Horta das Corujas. O critério de escolha foi simples: ao traçar nosso roteiro, descobrimos um mutirão (ou “mutirinho”, como chamam carinhosamente no grupo do Facebook para se referirem aos dias que não terão muito tempo disponível) agendado para aquela mesma semana.

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Mochila nas costas, câmera na mão, partimos. A praça pacata é um convite para o descanso que moradores do bairro tem sempre ao dispor. Bem no meio dela, a horta  fica protegida por um portão que qualquer um pode abrir. Avisos em cartazes educam sobre o conceito da “agroecologia” (que, aos olhos de quem não conhece pode parecer um pouco bagunçada!). Depois de explorar o local e se familiarizar com os conceitos básicos de agricultura, é hora de iniciar seu cultivo. Sempre tem alguém disposto a ajudar, feliz pelo movimento estar em pleno crescimento.

Entre as cores e texturas instigantes que encontramos no espaço da hortas, algo chamou nossa atenção pela quantidade, riqueza e benefícios: as PANCs – Pantas Alimentícias Não Convencionais. Embora já tenham caído nas graças de chefs renomados e sejam conhecidas em pratos gourmetizados, a variedade delas encanta mesmo é no plantio abundante e acessível a todos. Bastou um passeio rápido para experimentar e conhecer alguns dos benefícios que elas são capazes de nos trazer. Imagine só em larga escala?

Como Cláudia Visoni, jornalista e hortelã, pontuou em entrevista ao PrimaVista: “a cidade e a agricultura são indissolúveis. Sem uma, não precisaremos da outra.” Portanto, cuidemos!

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Quem quiser participar será muito bem vindo. A organização dos encontros costuma ocorrer nos grupos do Facebook (https://www.facebook.com/groups/hortadascorujas/ e https://www.facebook.com/groups/hortadapracadasflores/ ).

Fique de olho!

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