A exposição A Ecologia de Monet, realizada no MASP entre maio e setembro de 2025, foi uma verdadeira imersão no universo sensível e visionário de Claude Monet. Com 32 obras do artista francês, muitas delas exibidas pela primeira vez no hemisfério sul, a mostra apresentou uma curadoria que propôs uma leitura contemporânea da relação de Monet com a natureza e com as transformações ambientais do século XIX.
Embora a exposição tenha terminado, a experiência continua reverberando. Ela nos fez olhar para o MASP não apenas como um destino cultural, mas como um ponto de partida para novas ideias e criações.
Monet além da beleza: natureza, modernidade e contraste
A mostra foi muito além das paisagens encantadoras que costumamos associar a Monet. Ao reunir obras produzidas entre as décadas de 1870 e 1920, revelou diferentes fases da relação do artista com a paisagem e o meio ambiente.
Organizada em cinco núcleos temáticos, a exposição apresentou “Os barcos de Monet”, “O Sena como Ecossistema”, “Neblina e Fumaça”, “O Pintor como Caçador” e “Giverny: Natureza Controlada”. Cada um deles mostrou como Monet estava atento às mudanças de seu tempo, desde a industrialização até o impacto da ação humana sobre a natureza.
Cada pincelada expressava luz e cor, mas também tensão, transformação e o desejo de compreender ou até controlar o ambiente ao redor. A experiência deixou uma sensação de encantamento e provocação criativa difícil de esquecer.
A importância do Rio Sena
Um dos aspectos mais fascinantes foi a maneira como o rio Sena apareceu na exposição. Nascido em Paris e criado em Le Havre, Monet percorreu mais de 700 km do Sena ao longo da vida, registrando suas paisagens em diferentes contextos, dos cenários bucólicos ao avanço da industrialização.
No núcleo “Os barcos de Monet”, as embarcações aparecem retratadas a partir de pontos de vista elevados, eliminando a noção de linha do horizonte e aproximando o espectador da fluidez do movimento das águas. As pinceladas vibrantes criam uma sensação de fluxo e transformação constante.
O núcleo “Neblina e Fumaça” revelou como o artista lidou com o impacto da urbanização e da Revolução Industrial. Nas obras produzidas em Londres, fábricas, pontes e locomotivas aparecem sob atmosferas difusas e carregadas, como nas icônicas representações das pontes de Waterloo e Charing Cross.
No espaço dedicado a “O Pintor como Caçador”, conhecemos um Monet aventureiro, que trocou os locais de fácil acesso por trilhas, falésias e costas litorâneas em busca das chamadas “boas impressões”. A partir da década de 1880, ele explorou desde a Normandia até o Mediterrâneo, além de outros países como a Holanda, sempre em busca de novos olhares para suas obras.
Por fim, “Giverny: Natureza Controlada” mostrou o lado mais íntimo do artista. Em sua casa e jardim em Giverny, onde viveu por mais de 40 anos, Monet criou um espaço projetado nos mínimos detalhes, um verdadeiro laboratório visual. Obras como A ponte japonesa (1918–1926) e A ponte japonesa sobre a lagoa das ninfeias (1920–1924) revelam como ele transformou a própria natureza em poesia visual.
O MASP continua sendo um prato cheio para criativos
Se você perdeu a exposição, ainda há muitos motivos para visitar o MASP. O acervo permanente e a programação atual do museu são um convite à contemplação, à pesquisa e à inspiração. Seja para designers, artistas visuais, estilistas ou para quem busca referências para um próximo projeto, o MASP oferece um encontro entre arte, história e contemporaneidade. Mesmo sem Monet, o museu permanece como um espaço pulsante de cultura e criatividade. Vale a pena conhecer, de preferência com um caderno de anotações, olhos atentos e coração aberto para as conexões inesperadas que só a arte pode proporcionar.
MASP – Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand
Av. Paulista, 1578 – São Paulo, SP
Programação atual disponível no site oficial: masp.org.br
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Por Larissa Reis e Giovanna Silva
